domingo, 9 de dezembro de 2012

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sábado, 8 de dezembro de 2012

Paganismo versus Cristianismo - Acaso ou Desígnio Divino?




Será que tudo que nos acontece é por acaso? Os acontecimentos, quer sejam bons ou maus, ocorrem acidentalmente, de maneira aleatória, sem que haja uma finalidade neles? Os que pensam assim, acham que Deus não determinou, decretou, ou planejou absolutamente nada com relação aos seres humanos, seu futuro histórico ou eterno, e muito menos os acontecimentos diários. Nada foi previsto ou determinado por Deus, inclusive os eventos naturais como terremotos, tsunamis, erupções vulcânicas, acidentes, quedas de aviões, enfim – nada foi previsto ou determinado por ele. Portanto, tudo é imprevisível como num jogo de futebol. Não se sabe o futuro, não se pode prever absolutamente nada quanto ao fim da história. Junto com seus seres morais, Deus constrói em parceria o futuro, que neste acaso é aberto, indeterminado e incognoscível. Inclusive para ele mesmo.

Ou, será que as coisas que nos acontecem, mesmo as menores e piores, têm um propósito, ainda que na maior parte das vezes desconhecido para nós? Os que pensam assim entendem que Deus criou o mundo conforme um plano, um propósito, um projeto, elaborado em conformidade com sua sabedoria, justiça, santidade, misericórdia e poder. Nada que acontece, mesmo as mínimas coisas, o fazem ao acaso e de forma aleatória e casual, mas segundo este plano sábio. As decisões dos seres humanos são tomadas livremente por eles mesmos, mas, de uma forma que não compreendemos, elas acabam contribuindo para a concretização do propósito divino sem que Deus seja o autor do pecado. Tudo que ocorre, coisas boas ou ruins, estão dentro deste propósito concebido antes da fundação do mundo.

A melhor maneira de avaliarmos qual das duas é a visão correta é perguntarmos qual delas se aproxima mais da visão de Deus, do mundo e do homem que a Bíblia apresenta. Como os autores bíblicos concebiam o mundo, a história e os acontecimentos?

Ninguém que conheça a Bíblia poderá ter dúvidas quanto à resposta. Os judeus, ao contrário dos povos pagãos ao seu redor, não acreditavam em sorte, azar, acaso, acidente ou contingências. Eram os filisteus e não os israelitas que acreditavam que as coisas podiam acontecer ao acaso (veja 1Sm 6.9). Os israelitas, ao contrário dos pagãos, não acreditavam no acaso.

Para eles, Deus tinha traçado planos para os homens e as nações, e os mesmos iriam se cumprir inevitavelmente. Estes planos não poderiam ser frustrados por homem algum (Jó 42.2; Pv 19.21; Is 14.27; Is 43.13; Is 46.10b-11). Tais acontecimentos estavam tão inexoravelmente determinados que Deus dava conhecimento deles de antemão, através dos profetas. O fato de que os profetas de Israel eram capazes de predizer o futuro com exatidão era a prova de que o Deus de Israel era superior aos deuses pagãos (Is 46.9-10).

Os autores do Antigo Testamento sempre descrevem eventos que aconteceram aparentemente ao acaso como sendo o meio pelo qual Deus realizava seu propósito final. Assim, o arqueiro que atirou sua flecha “ao acaso” durante uma batalha acabou atingindo o rei de Israel e dessa forma cumpriu a profecia sobre sua morte (2Cr 18.33). A tempestade que atingiu o navio em que Jonas fugia para Társis não foi mera contingência, mas resultado da ação de Deus em levar o profeta a Nínive (Jn 1.4). O amalequita que vagueava “por acaso” nos montes de Gilboa foi o que encontrou Saul agonizante e o matou, cumprindo assim a determinação do Senhor de castigá-lo por ter consultado a pitonisa (2Sm 1.6-10; 1Cr 10.13). O encontro “casual” do profeta com um leão causou-lhe a morte e assim cumpriu a profecia contra ele (1Re 13.21-24). A visita casual que Acazias foi fazer a Jorão e o encontro fortuito com Jeú era tudo “a vontade de Deus” conforme o autor do livro das Crônicas, para que Acazias fosse morto (2Cr 22.7-9). Dezenas de outras passagens poderiam ser citadas para mostrar que na cosmovisão dos autores do Antigo Testamento nada acontecia por acaso, nem mesmo as pequenas coisas.

Até mesmo ações pecaminosas dos homens são atribuídas a Deus pelos autores do Antigo Testamento. O endurecimento do coração de Faraó para não deixar o povo de Israel sair é atribuído à Deus, que queria mostrar sua glória e seu poder sobre os deuses do Egito (Ex 7.3; 9.12). O endurecimento dos filhos de Eli para não se arrependerem do mal praticado é atribuído à Deus que os queria matar (1Sm 2.25). O endurecimento do rei Seom para não deixar Israel passar por sua terra é atribuído a Deus, que queria entregá-lo nas mãos de Israel (Dt 2.30), bem como o endurecimento de todas as nações cananitas (Js 11.20). Ao mesmo tempo, é preciso acrescentar, os israelitas não consideravam Deus como culpado do pecado humano. Ele era santo, justo, verdadeiro e não podia contemplar o mal (Hab 1.13). Todos estes mencionados acima foram responsabilizados por seus próprios pecados.

A visão de um mundo onde as coisas acontecem ao acaso, acidentalmente, sem propósito, é completamente estranha ao mundo dos israelitas conforme temos registrado na Bíblia.

Quando chegamos na pessoa de Jesus, encontramos exatamente a mesma visão de mundo, de Deus e da história, que é refletida no Antigo Testamento. Para Jesus, até mesmo coisas tão insignificantes como o número de cabelos da nossa cabeça (Mt 10.30) e a morte de pardais (Mt 10.29) estavam sob o controle da vontade de Deus. Ele era capaz de profetizar acontecimentos futuros tão triviais quanto o local onde se encontrava uma jumenta e seu jumentinho (Mt 21.2), que Pedro iria achar moedas na boca de um peixe (Mt 17.27) e que um homem estaria em determinado momento entrando na cidade com um cântaro na cabeça (Lc 22.10-12). Obviamente estas coisas não aconteceram por acaso.

Jesus se referiu à vontade de Deus e ao plano dele inúmeras vezes, como por exemplo, ao ensinar aos seus discípulos que tinha vindo ao mundo para morrer na cruz para salvar pecadores (Mt 17.22-23). As parábolas que Jesus contou sobre o futuro de Israel e sobre o dia do juízo deixavam pouca dúvida de que, para Ele, a história caminhava para um fim já traçado e determinado por Deus. No sermão escatológico Jesus predisse com exatidão a queda de Jerusalém, a fuga dos discípulos, o surgimento dos falsos profetas, as catástrofes, terremotos, secas, pestes e guerras que haveriam de suceder à raça humana e as perseguições que sobreviriam a seus discípulos antes de sua vinda (Mt 24).

Os discípulos de Jesus, os autores do Novo Testamento, tinham exatamente a mesma visão de um mundo onde nada ocorre por acaso. Tudo o que havia acontecido com Jesus, como o local do seu nascimento (Mt 2.5-6), sua ida ao Egito (Mt 2.15), sua vinda a Nazaré (Mt 2.23), seus milagres (Mt 8.16-17), sua traição (Jo 17.12), seu sofrimento e sua morte na cruz (At 3.18) – inclusive detalhes como beber vinagre (Jo 19.28-29), ter sua túnica rasgada (Jo 19.24) e seu corpo furado por uma lança (Jo 19.34-36) – tudo isto havia sido determinado por Deus em detalhes, a ponto de Deus ter revelado estes fatos cerca de seiscentos anos antes dos mesmos terem acontecido por meio dos profetas de Israel. Pensemos na probabilidade de atos, decisões e eventos acidentais, aleatórios, ao acaso, contingenciais, acontecerem de tal forma que estas coisas aconteceram exatamente como os profetas tinham dito!

Não só os fatos ocorridos com Jesus haviam sido planejados, inclusive aqueles que cercaram o nascimento da igreja cristã. A substituição de Judas (At 1.16-26), o dia de Pentecoste (At 2.14-17), a rejeição de Israel (At 13.40), a inclusão dos gentios na Igreja (At 15.15-20) – tudo aquilo havia sido determinado por Deus e previsto nas Escrituras pelos profetas. Veja a quantidade de vezes que no livro de Atos se menciona que a história de Cristo e da igreja haviam sido determinadas por Deus e anunciada pelos profetas: Atos 3.18,21-25; 10.43; 13.27,40; 18.28; 26.22.

Nas cartas que escreveram às igrejas, os autores do Novo Testamento jamais, em qualquer lugar, ensinaram os crentes que as coisas acontecem por acaso. Ao contrário, eles ensinaram os crentes que a conversão deles era resultado da vontade de Deus. Eles foram predestinados (Rm 8.29-30; Ef 1.5,11), escolhidos antes da fundação do mundo (Ef 1.4). Os crentes são ensinados a buscar a vontade de Deus, a se submeter a ela e a entender que a vontade de Deus controla a história (Rm 8.27; 12.2; Ef 6.6; Cl 4.12; 1Ts 4.3; 5.18; Hb 10.36; 1Pd 2.15). Até o sofrimento por causa do Evangelho era visto como sendo pela vontade de Deus (1Pd 3.17; 4.19). Eles foram ensinados a ver uma santa conspiração divina em tudo que acontece em favor do bem deles (Rm 8.28), a ponto de serem exortados a dar graças em tudo (1Ts 5.18). Eles são exortados a dizer sempre “se Deus quiser” farei isto ou aquilo (Tg 4.15). Paulo sempre dizia que “se for a vontade de Deus” ele iria a este ou aquele local (Rm 1.10; 15.32). Ele sempre começa suas cartas dizendo que foi chamado “pela vontade de Deus” para ser apóstolo (1Co 1.1; Ef 1.1; Cl 1.1; 2Tm 1.1).

Os cristãos são encorajados a enfrentar firmes as provações e tentações, pois Deus não permitirá que eles sejam provados além de suas forças (1Co 10.31). Eles devem sofrer com paciência em plena confiança que o Deus que está no controle de todas as coisas lhes dá a vida eterna e que ninguém poderá arrancar seus filhos de suas mãos. Eles são consolados com a certeza de que Deus haverá de cumprir todas as suas promessas, e que há um final feliz para todos os que confiam nele e crêem em Jesus Cristo como seu único e suficiente Salvador. Eles são exortados a permanecer firmes pois o bem haverá de triunfar sobre o mal, a justiça prevalecerá e a verdade haverá de vencer. E isto só é possível porque Deus está no controle, porque Ele conduz a história para o fim que Ele mesmo determinou, de uma maneira sábia e misteriosa, na qual os seres humanos e os anjos são responsáveis por seus atos, decidem fazer o que querem e tomam as escolhas que desejam.

À semelhança dos autores do Antigo Testamento, os escritores do Novo também atribuem a Deus o fato de que os ímpios e pecadores impenitentes se afundam cada vez mais no pecado. Paulo por três vezes em Romanos 1 declara que Deus entregou os incrédulos de sua geração à corrupção de seus próprios corações, para que eles se afundassem ainda mais no pecado e na iniqüidade (Rm 1.24,26,28). Aos tessalonicenses, ele declara que Deus manda a operação do erro para que os que rejeitam a verdade e creiam na mentira (2Ts 2.11). Igualmente, à semelhança do Antigo Testamento. O Novo responsabiliza os seres humanos por seus próprios pecados e condenação.

É evidente que não será na Bíblia que encontraremos esta visão de um mundo onde as coisas acontecem por mero acaso, onde tudo é casual e contingencial. Mas, vamos encontrá-la na mentalidade pagã, nas religiões idólatras, de deuses pequenos, impotentes, egoístas. Vamos encontrar esta visão de um mundo onde as coisas ocorrem de maneira aleatória nas idéias dos maniqueístas e gnósticos, ateus e agnósticos, especialmente os evolucionistas, que defendem que tudo surgiu e acontece como resultado de uma combinação fortuita de tempo e de acaso.

Os verdadeiros cristãos, todavia, cantam “acasos para mim não haverá”.

Se tudo acontece por acaso, que combinação inimaginável de ações livres, aleatórias e catástrofes naturais fortuitas poderão unir-se numa conspiração impessoal e totalmente ao acaso para produzir o final que Deus prometeu na Bíblia? Se Deus não é Deus, então o acaso se torna Deus e não temos qualquer garantia de que o final feliz prometido na Bíblia haverá de acontecer.

Não nos enganemos. A discussão entre acaso versus planejamento não é uma disputa teológica entre cristãos arminianos e calvinistas, pois os arminianos e os calvinistas concordam que Deus tem um plano, que ele controla a história, que não existe acaso e que Ele conhece o futuro. Ambos aceitam a Bíblia como Palavra de Deus e querem se guiar por ela. O confronto, na verdade, é entre duas visões de mundo completamente antagônicas, a visão pagã e a visão bíblica, entre as religiões pagãs e a religião bíblica. Posso não entender tudo sobre este assunto, mas prefiro mil vezes ficar ao lado dos autores da Bíblia

sábado, 24 de novembro de 2012


Comentário Lição EBD 007
Tema: Miquéias – A Importância da Obediência
Texto Áureo: Samuel respondeu: O que é que o SENHOR Deus prefere? Obediência ou oferta de sacrifícios? É melhor obedecer a Deus do que oferecer-lhe em sacrifício as melhores ovelhas.
(1Sm 15.22 - NTLH).
Data : 18/11/2.012

Esse profeta era da comunidade rural ocidental de Morasti Gate, uma cidade localizada nos limites entre Judá e Filístia. Esse local ficava a 320 quilômetros a sudoeste de Jerusalém, longe da política e do comércio da capital.

O profeta era evidentemente de origem humilde, fato eviden­ciado mais pela sua humilde residência do que por sua linha­gem. Suas muitas alusões ao trabalho de um pastor sugerem que deve ter sido essa uma das suas ocupações.

Sua profecia foi proferida durante o reinado de Jotão, Acaz e Ezequias, que reinaram consecutivamente de 740 a 697. Sua parte principal, entretanto, deve ter sido proferida durante os reinados de Acaz e Ezequias, antes da queda de Samaria em 722. Nesse caso, o período central seria 730-720.

CENÁRIO POLÍTICO

Contemporâneo de Isaías, Miquéias defrontou-se com um ce­nário semelhante ao dele, no que se refere à política e à religião da época. Seu ministério foi o equivalente rural ao ministério de Isaías, pois Miquéias dirigiu-se ao povo do interior. 2. Ele é reconhecido como o único profeta cujo ministério foi desempenhado visando tanto a Israel como a Judá (1:1). Isaías também profetizou a destruição de Samaria, mas sua profecia era "a respeito de Judá e Jerusalém" (Isaías 1:1).

OBJETIVO DO LIVRO DE MIQUÉIAS
O objetivo histórico do livro era enfatizar o peso da próxima ira divina sobre a nação, em virtude dos seus pecados de violência e injustiça social, enquanto fingiam ser religiosos. O objetivo adicional de Miquéias era lembrar-lhes da futura vinda do Messias, que surgiria de origem humilde para governar, com justiça e verdade, conforme promessa da aliança abraâmica.

Miquéias é conhecido como o profeta do homem comum. Tendo ele mesmo vindo de berço humilde, conhecia as más condições dos pobres e tomou para si sua causa contra os vorazes líderes da nação que visavam a seus próprios interesses (3:1-3).

Em todo o livro, Miquéias denuncia a opressão do fraco, o suborno entre os líderes, o ato de expulsar mulheres dos seus lares e prática de toda espécie de roubo, grande parte dele em nome da religião (2:1-2, 8-11; 3:1-3, 9-11; 6:10-12; 7:1-6). Embora não isente o pobre apenas pela sua pobreza, ele condena intrepidamente as classes superiores por sangrarem os pobres e indefesos. Ao descrever a esperança da restauração,

Mi­quéias surpreende a nação com o anúncio de que o futuro "go­vernador de Israel", o Messias, virá da pequena e insignificante cidade de Belém, ao invés da opulenta capital Jerusalém (5:2-4).

Apresenta-o na condição de um "Pastor", como o era Davi. To­davia, será maior do que Davi, e "engrandecido até aos confins da terra" (5:4). Miquéias foi o último profeta a mencionar Belém no Antigo Testamento. Concentrou, porém, a atenção da nação sobre a pequena cidade por mais de 700 anos.

Um detalhe aqui é que todos os três grupos de líderes da nação são mencionados: os líderes civis (Mq 2.1-4), os profetas (Mq 2.5-10) e os líderes religiosos, isto é, os sacerdotes (Mq 2.11). Miqueias arremata deixando claro que os pecados dos líderes afe­tariam toda a nação (Mq 2.12). LER 3.1ss

O pecado da idolatria (prostituição espiritual) é denunciado (1.7). Outros pecados são citados ao longo do livro, tais como a injustiça social, a violência, a mentira, a corrupção e a formalidade do culto.
Longe de ser insensível, um profeta de Deus não se alegra com os erros do seu povo, antes, chora e lamenta pela situação (1.8).


OS CHEFES (REIS, PRINCÍPES, SACERDOTES E PROFETAS)
DEVEM OUVIR A VOZ DO SENHOR



Mais disse eu: Ouvi agora vós, chefes de Jacó, e vós, príncipes da casa de Israel: não é a voz que pertence saber o direito? (3.1)

Os chefes (hb. ro’s, governantes, líderes), que deveriam trabalhar para o bem do povo, maquinavam e praticavam o mal (2.1), cobiçavam os campos e as casas dos menos afortunados, e na condição de opressores e exploradores, tomavam dos mais pobres os seus bens e a sua herança, e isso usando de violência (2.2-3). Aqueles que deveriam ser promotores da justiça pervertiam o direito (3.1).

A injustiça social era tanta que a metáfora utilizada para descrevê-la é muito forte:
A vós que aborreceis o bem e amais o mal, que arrancais a pele de cima deles e a sua carne de cima dos seus ossos, e que comeis a carne do meu povo, e lhes arrancais a pele, e lhes esmiuçais os ossos, e os repartis como para a panela e como carne do meio do caldeirão. (3.2-3)

Não muito diferente dos dias de Miqueias, boa parte da liderança política no Brasil vive da miséria alheia, e como recompensa são recebidos em nossas tribunas e púlpitos, e apoiados em períodos eletivos. O pior é que algumas lideranças evangélicas sabem da situação, mas se fazem de desinformadas. Quantos “fichas sujas” não foram apoiados por pastores na última eleição? Com quantos corruptos, ladrões e bandidos não foram feitos alianças e acertos imorais e ilegais?

Ouvi agora isto, vós, chefes da casa de Jacó, e vós maiorais da casa de Israel, que abominais o juízo e perverteis tudo que é direito, edificando Sião com sangue e a Jerusalém com injustiça. (3.9-10)
O grave nisso tudo é a conivência dos sacerdotes (autoridade religiosa), que deveriam confrontar o rei e os príncipes com a Lei do Senhor.

As sentenças são dadas em troca de presentes, enquanto os ensinos dos sacerdotes buscam os seus interesses pessoais, ou seja, ensinavam por conveniência (3.11a). Não nos parece tal postura com a de alguns ensinadores e pregadores, que em busca de seus próprios interesses (agendas, ofertas, permanência no cargo, presentes, etc.) ensinam e pregam por conveniência?

E o que falar dos profetas? Deixemos que o próprio texto nos fale.

Portanto, por causa de vós, Sião será lavrado como um campo, e Jerusalém se tornará em montões de pedra, e o monte desta casa, em lugares altos de um bosque. (3.12)

Os líderes podem cooperar para o crescimento e desenvolvimento de um povo, de uma nação, de uma igreja, ou para a destruição destes. Podem ser canais de bênçãos, ou podem atrair juízo.
Denunciar o pecado da liderança e de um povo nunca foi tarefa fácil.

A liderança é detentora do poder de matar e deixar viver, incluir ou excluir, abrir portas ou fechar portas (isso tudo dentro de uma vontade permissiva de Deus). É por isso que Miqueias afirma:

A mensagem  do capítulo 3 conclui essa primeira parte caracterizada por denúncias com profecias onde os líderes do povo são repreendidos por suas injustiças.

Apesar dos juízos de Deus, o livro de Miqueias nos apresenta também uma mensagem de esperança e de restauração (2.12-13; 4.1-13; 5.2- 4, 9; 9.7-9). Uma belíssima exortação encontra-se em Miqueias, que manifesta a vontade de Deus em nossa relação com o próximo e com Ele:

Ele te declarou ó homem o que é bom; e que é que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a beneficência, e andes humildemente com o teu Deus? (6.8)

O livro termina com uma oração onde os atributos comunicáveis de Deus são destacados e exaltados:
Quem, ó Deus é semelhante a ti, que perdoas a iniquidade que te esqueces da rebelião do restante da tua herança? O Senhor não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na benignidade.

Tornará a apiedar-se de nós, subjugará as nossas iniquidades e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar. Darás a Jacó a fidelidade e a Abraão, a benignidade que juraste a nossos pais desde os dias antigos. (7.18-20)

O EVANGELHO DE JUSTIÇA SOCIAL DE MIQUÉIAS (6:6-8). No Antigo Testamento, não se encontra um resumo da Lei mais simples e mais profundo do que o de Miquéias 6:6-8. Suas exi­gências são simples e sem rodeios: praticar a justiça, amar a bondade demonstrando-a, e andar humildemente com Deus.
Do mesmo modo que Jesus resumiu a Lei como "amor" para os in­sensíveis líderes do seu tempo, Miquéias resumiu-a como justiça, misericórdia e modéstia para um povo completamente desprovido dessas qualidades, embora muitíssimo ocupado com religião (3:11). Os "milhares de carneiros" e "dez mil ribeiros de azeite" (6:7) não podiam subornar Deus a fechar seus olhos à ausência de justiça e misericórdia entre os homens.
TOTAL DEPRAVAÇÃO DE ISRAEL (7:2 6). À semelhança de Isaías (1:5-6 e 57:1), Miquéias observou que Israel tinha chegado a uma situação em que se podia muito bem afirmar: "não há entre os homens um que seja reto" (7:2).
Eram todos iníquos e só cui­davam dos seus próprios interesses naquela sociedade idolatra. Tendo-se afastado da verdade divina, estavam colhendo os efeitos sociais de "os inimigos do homem são os da sua própria casa", incluindo esposa, filhos e pais (7:5-6). Jesus citou esse texto de Miquéias em Mateus 10:21, 35 para mostrar que a rejeição da verdade que ele estava pregando no seu tempo traria aquela mesma condição de castigo do tempo de Oséias.
Paulo também se refere a isso em Romanos 1:28-32, mencionando que a depravação social está sempre ligada à rejeição da verdade.

CRISTOLOGIA EM MIQUÉIAS (4:1-8; 5:2-5). Dois textos de Miquéias falam do reino do Messias e de sua vinda. Nos "últimos dias", ele reinará no monte Sião, onde prevalecerão a verdade, a justiça, a prosperidade e a paz. Ali os coxos, os expulsos e os aflitos estarão reunidos a fim de formar o núcleo da sua "poderosa nação" (4:1-7).

Em 5:2, entretanto, Miquéias revela que esse reino não começará ostentando grandeza, pois o próprio Messias nascerá na pequena vila de Belém, lugar de criação de carneiros. Ele, que é eterno, virá de Deus como Pastor de Israel. Mas antes que o Messias se torne grande até os confins da terra, a nação será abandonada pelo Senhor por um tempo, no fim do qual ele surgirá para pastorear o seu povo com grande majestade (5:3-4).
TEMAS HISTÓRICOS Ε TEOLÓGICOS

Miqueias proclamou, essencialmente, uma mensagem de condenação a um povo que insistia  em praticar o mal. Como outros profetas (cf. Os 4.1; Am 3.1), formulou sua mensagem com a terminologia usada nos tribunais (1.2; 6.1-2).
Quando a Assíria derrotou a Síria e Israel, o piedoso rei Ezequias rompeu sua aliança com os assírios. Sua decisão resultou no cerco de Senaqueribe a Jerusalém em 701 a.C. (cf. 2Rs 18—19; 2Cr 32), mas o Senhor enviou seu anjo para livrar Judá (2Cr 32.21).
Ezequias foi usado por Deus para conduzir Judá de volta à verdadeira adoração. Depois do reinado próspero de Uzias, falecido em 739 a.C, seu filho Jotão manteve as políticas de seu pai, mas não eliminou os centros de idolatria. A prosperidade externa não passava de fachada que mascarava a cor­rupção social e o sincretismo religioso desenfreados.
A adoração a Baal, o deus cananeu da fertilidade, foi obten­do espaço crescente dentro do sistema sacrificial do AT e alcançou proporções epidêmicas durante o reinado de Acaz (cf. 2Cr 28.1-4). Quando Samaria caiu, milhares de refugiados se mudaram para Judá, levando consigo o seu sincretismo religioso.
Embora Miqueias (e Oseias) tenha tratado dessa questão, o alvo de suas repreensões mais mordazes e advertências mais severas era a desintegração dos valores sociais e pessoais (p. ex., 7.5-6).
A Assíria era a potência dominante e uma ameaça constante a Judá. Diante disso, as predições de Miqueias de que a Babilônia, então sob domínio assírio, conquistaria Judá (4.10) pare­ciam improváveis. Nesse sentido, Miqueias exerceu em Judá um papel semelhante ao do profeta Amos em Israel.



Fernando Silva
Campinas,
18/11/2.012

Comentário Lição EBD № 008
Tema: Naum – O Limite da Tolerância Divina
Texto Áureo:  Disse por fim Abraão: "Tenha paciência o Senhor. Vou falar só mais esta vez. Se encontrar só dez justos? " O Senhor respondeu: "Não destruirei a cidade por amor aos dez".(Gn 18.32 - BViva).
Data : 25/11/2.012

O autor do livro de Naum se identifica como Naum (em hebraico "Consolador" ou "Confortador"), o elcosita (1:1). Há muitas teorias a respeito de onde essa cidade era localizada, embora não haja evidências conclusivas. Uma teoria é que ela se refere à cidade mais tarde conhecida como Cafarnaum (que literalmente significa "aldeia de Naum") no mar da Galileia.
Quando foi escrito: Dada a limitada quantidade de informações que sabemos sobre Naum, o melhor que podemos fazer é reduzir o prazo em que o Livro de Naum foi escrito em 710 a.C.
OBJETIVO DO LIVRO DE NAUM

Naum não escreveu este livro como uma advertência ou uma "chamada ao arrependimento" para o povo de Nínive. Deus já tinha enviado o profeta Jonas 55 anos antes (765 a.C.), com Sua promessa do que aconteceria se continuassem em seus maus caminhos.

O principal objetivo de Naum foi consolar Judá com referência ao seu feroz inimigo, a Assíria. No seu recado profético, Naum revelou o detalhado plano divino para destruir e devastar Nínive completa­mente. Essa mensagem foi entregue ao povo de Judá a fim de lembrá--lo da soberania do Senhor sobre todas as nações, e que ele não tolera por muito tempo aqueles que governam com pilhagem e violência, desrespeitando suas admoestações de justiça.

As pessoas daquela época haviam se arrependido, mas agora viviam tão mal (se não pior) do que antes. Os assírios tinham se tornado absolutamente brutais em suas conquistas (entre outras atrocidades, eles penduravam os corpos de suas vítimas em postes e colocavam a sua pele nas paredes das suas tendas).
Agora Naum estava dizendo ao povo de Judá para não se desesperarem porque Deus havia pronunciado julgamento e os assírios em breve estariam recebendo o que mereciam.
Nínive já tinha uma vez respondido à pregação de Jonas e abandonado seus maus caminhos para servir ao Senhor Deus Jeová. Entretanto, 55 anos depois, Nínive retornou à idolatria, violência e arrogância (Naum 3:1-4). Mais uma vez Deus envia um de Seus profetas para Nínive para pregar julgamento na destruição da cidade e exortá-los ao arrependimento. Infelizmente, os ninivitas não prestaram atenção à advertência de Naum e a cidade ficou sob o domínio da Babilônia.
A profecia de Naum começa com estas pesadas palavras. Mas, por que fez ele essa declaração condenatória? O que se sabe sobre a antiga Nínive? Sua história é resumida por Naum em cinco palavras: “Cidade de derramamento de sangue.” (3:1).
 Duas elevações localizadas na margem leste do rio Tigre, defronte da moderna cidade de Mossul, no Norte do Iraque, marcam a localização da antiga Nínive. Era altamente fortificada por muralhas e fossos e era a capital do Império Assírio na parte final de sua história.
Contudo, a origem da cidade remonta aos dias de Ninrode, o “‘poderoso caçador em oposição a Yehowah’. . . . [Ninrode] saiu para a Assíria e pôs-se a construir Nínive”. (Gên. 10:9-11) Portanto, Nínive teve um mau começo.
Ficou especialmente famosa durante os reinados de Sargão, Senaqueribe, Esar-Hadom e Assurbanipal, no período final do Império Assírio. Por meio de guerras e conquistas, enriqueceu-se com despojos e ficou famosa por causa do tratamento cruel e desumano que seus governantes infligiam à multidão de cativos.
Diz C. W. Ceram, nas páginas 231-2 de seu livro Deuses, Túmulos e Sábios (1959): “Nínive gravou-se na consciência dos homens quase unicamente por estar ligada a assassinato, saque, repressão, violação dos fracos, guerra e terror de toda sorte; a uma série de soberanos sanguinários que reinaram pelo terror e que raramente morreram de morte natural, sendo substituídos por outros ainda piores.”

Que dizer da religião de Nínive? Adorava um grande panteão de deuses, muitos dos quais importados de Babilônia. Seus governantes invocavam esses deuses quando saíam para destruir e exterminar e seus gananciosos sacerdotes estimulavam suas campanhas de conquista, aguardando rica retribuição dos despojos.
Em seu livro Ancient Cities (Cidades Antigas, 1886, página 25), W. B. Wright diz: “Adoravam a força, e só dirigiam suas orações a ídolos colossais de pedra, leões e touros, cujos membros poderosos, asas de águia e cabeça humana, eram símbolos de força, coragem e vitória”.
Guerrear era a principal ocupação dessa nação, e os sacerdotes eram fomentadores incessantes da guerra. “Eram sustentados principalmente pelos despojos das conquistas, dos quais uma porcentagem fixa era invariavelmente destinada a eles, antes de outros partilharem deles, pois esta raça de saqueadores era extremamente religiosa.”
A profecia de Naum, embora curta, é repleta de pontos interessantes. Tudo o que sabemos sobre o próprio profeta está contido no versículo inicial: “Livro da visão de Naum, o elcosita.” Seu nome (hebraico, Na·hhúm) significa “Confortador”. Sua mensagem por certo não era nenhum conforto para Nínive, mas, para o verdadeiro povo de Deus, prenunciava alívio certo e duradouro de um implacável e poderoso inimigo.
CARÁTER RETRIBUIDOR DE DEUS (1:2, 6). De modo seme­lhante a Miquéias, Naum principia enfatizando a grande ira do Senhor contra o pecado e sua vinda para trazer julgamento aos perversos. Aqui, entretanto, sua ira dirige-se mais aos inimigos de Israel do que aos israelitas. Naum descreve o Senhor como um Deus zeloso e vingativo, que virá com ira abrasadora contra seus inimigos. Esse caráter zeloso de Deus foi apresentado em Êxodo 20:5, e mais tarde com mais pormenores em Deuteronômio 32:21 e ss. Muitos textos descrevem o Senhor como "tardio em se irar", mas grande em poder e ira contra aqueles que rejeitam sua graça (Êxodo 22:24; 32:12; Números 14:18; Josué 7:1; Esdras 9:15; Jó 20:23). No Novo Testamento, os oito "ais" sobre os líderes hipó­critas do tempo de Jesus apresentam a mesma ira ardente para com os que rejeitam deliberadamente a Lei e a graça de Deus (Mateus 23). Essa ira chega ao auge na grandiosa e terrível des­crição da vinda do Senhor em Apocalipse 14:10, 19 e 19:15 para julgar seus inimigos enquanto livra o seu povo.
LIVRO DE JULGAMENTO NÃO-ALIVIADO. Nenhum outro livro da Bíblia é tão enfático na mensagem de julgamento e mi­sericórdia não aproveitada. Suas únicas "boas novas" são a profecia sobre a destruição de Nínive (1:15). Foi tão grande a preocupação do profeta com os pecados e o julgamento daquela cidade, que os pecados de Israel ou Judá não foram nem mesmo aludidos. O Senhor dedicou um livro inteiro para descrever vivamente sua grande ira contra um povo que vivia na violência, pilhagem e derramamento de sangue, e que deixou de permanecer em sua misericórdia dispensada através de Jonas, profeta de Deus.

É de conforto, também, porque Naum não faz menção alguma dos pecados de seu próprio povo. Embora a localização de Elcos não seja rigorosamente conhecida, parece provável que a profecia foi escrita em Judá. (Naum 1:15).
 A queda de Nínive, ocorre em três etapas em 626 a.C. o inicio da degradação, sofreu grande destruição em 612 a.C. e finalmente aniquilada em 605 a.C., ainda estava no futuro quando Naum registrou sua profecia, e ele compara esse evento com a queda de Nô-Amom (Tebas, no Egito) que ocorreu pouco antes disso. (3:8) Assim, Naum deve ter escrito sua profecia durante aquele período.

O estilo do livro é característico. Não há nele palavras supérfluas. Seu vigor e realismo harmonizam-se com o fato de fazer parte dos escritos inspirados. Naum prima pela linguagem descritiva, emocional e dramática, bem como pela expressão dignificante, clareza de retórica e fraseologia notavelmente vívida. (1:2-8, 12-14; 2:4, 12; 3:1-5, 13-15, 18, 19).
NÍNIVE, A GRANDE CIDADE-RAINHA DESTRUÍDA.
Não há dúvida de que é este o livro que Jonas gostaria de ter escrito (Jonas 4:2), ao não compreender que o Senhor tinha antes uma colheita a fazer naquela cidade. Sua curta profecia da destruição de Nínive está aqui amplificada, sem a data de execução, "quarenta dias". ; Embora o arrependimento dos ninivitas tenha adiado o seu jul­gamento, a retomada da antiga perversidade e violência apenas intensificou o peso do seu castigo, sobretudo diante do desrespeito à sua misericórdia. A antiga cidade de Nínive era um símbolo clássico do mundo quanto ao seu poder, violência e rebeldia contra Deus desde o tempo de Ninrode (Gênesis 10:9-11). Mas quando Deus ordenou sua destruição, ela foi aniquilada tão completamente que a antiga rainha das cidades ficou esquecida durante muitos séculos, coberta com areia, transformada em um deserto.
ADMOESTAÇÃO INTERNACIONAL DE NAUM A TODAS AS NAÇÕES. A notável lição de Naum para as nações é que a "lei da selva" não é a Lei de Deus. Embora o pecado e a violência possam ficar sem punição por algum tempo dentro da longanimidade di­vina, todavia não serão esquecidos. Neste caso não está apenas em jogo o "tempo" de Deus, mas também a justificação do seu caráter (Êxodo 34:6-7; Números 14:18). Apesar de ele ser "tardio em irar--se" e estar sempre interessado em mostrar-se misericordioso, não é absolutamente imune à ira quando sua lei é impugnada e sua graça desprezada. O Deus vingador descrito por Naum é um dos quadros mais aterradores da Bíblia. Enquanto o Livro de Jonas apresenta a misericórdia do Senhor estendida aos gentios desconhecedores da lei mosaica, Naum retrata a ira e o julgamento divino das nações, conheçam ou não a lei de Moisés.

 A maior parte do primeiro capítulo parece estar no estilo de poema acróstico. (1:8, nota) O estilo de Naum é enriquecido pela singularidade de seu tema. Ele sente extrema aversão ao traiçoeiro inimigo de Israel. Não vê nada senão a ruína de Nínive.

A autenticidade da profecia de Naum se comprova pela exatidão de seu cumprimento. Nos dias de Naum, quem senão um profeta de Javé ousaria predizer que a orgulhosa capital da potência mundial assíria sofreria ruptura nos “portões dos rios”, que seu palácio seria dissolvido e que ela mesma tornar-se-ia “vacuidade e vazio, e uma cidade devastada”? (2:6-10).
 Os eventos posteriores mostraram que a profecia foi deveras inspirada por Deus. Os anais do rei babilônio Nabopolassar descrevem a captura de Nínive pelos medos e babilônios: “[Converteram] a cidade em escombros e montes (de entulho). . . .” A ruína de Nínive foi tão completa que até mesmo a sua localização ficou esquecida por muitos séculos. Alguns críticos chegaram a ridicularizar a Bíblia quanto a isso, dizendo que Nínive jamais poderia ter existido.

Contudo, somando evidência em favor da autenticidade de Naum, a localização de Nínive foi descoberta, e as escavações ali começaram no século 19. Calculou-se que, para escavá-la completamente, seria necessário remover milhões de toneladas de terra.
O que se tem desenterrado em Nínive? Muitas coisas que confirmam a exatidão da profecia de Naum! Por exemplo, seus monumentos e inscrições atestam as suas crueldades, e há restos de colossais estátuas de touros e leões alados. Não é de admirar que Naum falasse dela como “caverna dos leões”! — 2:11.

A canonicidade de Naum é demonstrada por ser o livro aceito pelos judeus como parte das Escrituras inspiradas. Está em completa harmonia com o restante da Bíblia. A profecia é dada em nome de Javé, em favor de cujos atributos e supremacia dá eloquente testemunho.
CRISTOLOGIA EM NAUM (1:15). Mesmo sem referências es­pecíficas ao Messias no Livro de Naum, a proclamação das "boas novas" em 1:15 tem uma referência indireta a Cristo e seu evan­gelho. Ε uma referência a Isaías 52:7, mais tarde aplicada por Paulo em Romanos 10:15 quanto ao aspecto libertador do evangelho. É um lembrete de que o primeiro objetivo de Naum foi consolar Israel a respeito da ameaça nacional por parte do cruel e perverso inimigo do Oriente. Além disso, as boas novas do evangelho são que Cristo não somente traz o livramento dos inimigos, mas tam­bém os benefícios reais da salvação (Lucas 1:71). O Deus prefigurado por Naum não é diferente do Cristo do Novo Testamento.



Fernando Silva
Campinas,
25/11/2012

sábado, 30 de junho de 2012

Comentário Lição EBD 001- Tema: No Mundo Tereis Aflições


Comentário Lição EBD 001

Tema: No Mundo Tereis Aflições

Texto Áureo : Eu falei tudo isso para que tenham a paz no coração e na alma. Aqui na terra vocês terão muitos sofrimentos e tristezas; mas tenham ânimo, porque Eu venci o mundo.

 (Jo 16.33  - Biblia Viva).

Data :30/06/2.012



Em sua famosa doutrina de “Falta Abençoada”, Agostinho definiu o mistério do sofrimento: “Deus julgou ser melhor tirar o bem a partir do mal do que sofrer absolutamente nenhum mal”. Melhor suportar a dor envolvida na redenção do pecado do que não ter de forma alguma criado os seres humanos.

Deus usa os “espinhos e cardos” que infestaram a Criação desde a Queda para nos ensinar, castigar, santificar e transformar, preparando-nos para aquele novo céu e nova terra. Isso é algo que eu bem entendo: as maiores bênçãos de minha vida emergiram do sofrimento, e tenho visto o mesmo processo repetido em incontáveis vidas. Assim como dói quando o médico coloca um osso quebrado no lugar, pode também causar uma enorme dor quando Deus reajusta nosso caráter. Não obstante, essa é a única maneira de ser completo e saudável.



Tem uma manifestação de gloria que a paz com Deus gera na gente, cujo caminho de pacificação com Deus que é gerado em nós, e que a maioria não gosta. Isso porque Paulo diz: “... e gloriemo-nos, também, nas próprias tribulações”. Ai a gente diz: “Vira essa boca para lá, pelo amor de Deus!”—e o sujeito começa a fazer oração contra, inicia-se aquele processo de “tá amarrado”. Tem crente que lê Romanos 5, 2 e 3, dizendo: “ Tá amarrado”. Aí vem alguém e diz: “Eu não gosto dessa parte aqui...“tá amarrada””. Só que, meu amigo, você pode gritar “tá amarrado” o tempo todo, não está amarrado. Não a Palavra de Deus! Para o seu bem, não está amarrada!



Nós não podemos viver uma vida de "fé de loteria" versão Teologia da Prosperidade, que nos promete falsas promessas, que seremos poupados de todas as coisas, porque agora a gente tem uma carteirinha de crente no bolso, e porque a gente frequenta uma sequência de reuniões não será jamais objeto e sujeito do sofrimento—porquanto ter-se-ia um domo invisível de proteção e de inatingibilidade sobre a cabeça—, é mentira, mentira, mentira; e eu diria: do diabo. Isso porque a vida não vai tratar você assim. E quando a vida for o que ela é para você, você vai estar pensando que Deus enganou você; e quem enganou não foi Deus nem a Palavra dele. O responsável diabólico é esse “pacote de sedução falsa” que venderam para você em “nome de Jesus”. E não adianta ficar dizendo “tá amarrado”, porque só fica amarrado aquilo que seja uma presença “alienígena” à existência humana. Mas aquilo que Deus determina, por mais estranho que pareça, faz parte de um processo de cura, de terapia, de crescimento, de aprofundamento da consciência em fé em mim, e não há mão humana que possa deter.



As aflições na vida do cristão fiel é uma realidade da qual não é possível fugir. Fico pasmo com o falso evangelho da comodidade, da vida fácil, da vitória financeira, da vitória em tudo, da saúde plena, da ausência de lutas, do se dar bem em tudo.

O sofrimento, a tribulação, a angústia, a dor, a morte é consequência natural de um viver que se opõe ao pecado e ao sistema caído.



Jesus deixou claro sobre a perseguição na vida dos seus discípulos:

Quando, pois, vos perseguirem nesta cidade, fugi para outra; porque em verdade vos digo que não acabareis de percorrer as cidades de Israel sem que venha o Filho do Homem. (Mt 10.23)

Mas, antes de todas essas coisas, lançarão mão de vós e vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e às prisões e conduzindo-vos à presença de reis e governadores, por amor do meu nome. (Lc 21.12)

Lembrai-vos da palavra que vos disse: não é o servo maior do que o seu senhor. Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardarem a minha palavra, também guardarão a vossa. (Jo 15.20)

A perseguição pode acontecer no âmbito familiar, escolar, acadêmico, religioso, político, eclesiástico, etc.

A perseguição pode vir de fora (não-crentes) ou de dentro (crentes).

A perseguição pode ser intensa ou esporádica. Pode ser leve ou forte.

A ausência de perseguição pode ser decorrente de um curto período de relativa paz, ou da nossa conivência com o erro, da nossa conformidade com os modelos de sistemas caídos.

No campo político, aqui no Brasil, não é o regime democrático a principal razão de certa ausência de perseguição contra os evangélicos, mas as alianças vergonhosas de algumas lideranças evangélicas com alguns políticos corruptos (não cabe aqui generalizações).

Outro fator que atenua ou extingue a perseguição no contexto evangélico brasileiro é o silêncio da voz profética da igreja. Diante da corrupção vergonhosa em nosso país, da imoralidade em todos os níveis e formas, da banalização do divórcio, da perda dos referenciais bíblicos de família e casamento, da plena secularização da educação, há uma omissão preocupante, geralmente associada com a postura do não querer problema com ninguém (principalmente com os governantes), ou da própria fraqueza moral da igreja que cada vez mais relativiza os princípios da Palavra, fechando os olhos para os escândalos internos grotescos, ou deixando sem disciplina os protagonistas dos mesmos. Onde a moral falta, a voz profética silencia.

Nos ambientes familiares, escolares, acadêmicos e profissionais a realidade se repete. A ausência de perseguição é geralmente decorrente da falta de testemunho, da adequação aos baixos padrões de vida, do pluralismo religioso, do secularismo, do liberalismo teológico, do relativismo ético e moral, e de outras mazelas da pós-modernidade.

Dessa maneira, a falta de perseguição pode ser um fator preocupante, um sintoma de que o testemunho cristão perdeu o seu vigor.

I. AS AFLIÇÕES DO TEMPO PRESENTE



De ordem natural. Presenciamos uma desordem nunca antes vista na natureza. Apesar dos falsos alarmes, não podemos ignorar a devastação provocada pela ação irresponsável do homem. A Bíblia diz que a criação geme e está com “dores de parto” pelo que o ser humano tem-lhe feito (Rm 8.22). Quantas calamidades nos abatem por causa da degradação ambiental.

São tragédias assombrosas que ceifam milhares de vidas. As poluições nos lagos, rios e mares, e as ocupações em áreas de riscos contribuem para a ocorrência de tragédias. Tais aflições também afetam os crentes fiéis.



De ordem econômica. Outra aflição que se abate sobre o mundo é a de ordem financeira. A crise econômica internacional empobrece países, nações e famílias. Quantos não deram cabo da própria vida porque, da noite para o dia, descobriram que perderam todos os bens? Em nosso país, milhões de pessoas sobrevivem com menos de um salário mínimo. A pobreza, a fome e a miséria continuam a flagelar vidas ao redor do mundo, inclusive as dos servos de Deus (Mc 12.41-44).



De ordem física. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, doenças como câncer, hepatite, hipertensão arterial, depressão e obesidade são consideradas as pragas do século XXI. Essa informação traz-nos algumas indagações: Será que o crente fiel não é vítima de câncer? Ou não desenvolve a depressão e não sofre de hipertensão arterial? Não precisamos de muito esforço para reconhecer que as enfermidades também atingem os salvos e são consequência da queda (Rm 6.23). Mesmo cientes de que as doenças acometem igualmente o servo de Deus, é impossível ignorar que há enfermidades de natureza espiritual e oriundas de práticas pecaminosas (Mt 9.32,33; Jo 5.14,15).



As aflições do tempo presente são representadas pelas crises de ordem natural, econômica e física. Malefícios que acometem igualmente o servo de Deus.



II. POR QUE O CRENTE SOFRE



A queda. O sofrimento é algo comum a todos os homens, sejam ímpios sejam justos. Uma razão para a existência do mal é a queda humana. Deus fez um mundo perfeito (Gn 1.31), mas a transgressão de Adão trouxe a tristeza, a dor e a morte (Gn 3.16-19; Rm 5.12). Por isso, todos estão igualmente sujeitos ao sofrimento (Rm 2.12; 8.22).



A degeneração humana. Com a queda no Éden, o homem sofreu um processo de degeneração moral, social e espiritual. Tal degradação, observada na vida de Caim (Gn 4.8-16), Lameque (Gn 4.23,24) e de toda aquela geração, levou Deus a destruir o mundo pelo dilúvio (Gn 6.1-7.24). O relato bíblico mostra claramente a corrupção humana e o aparecimento do ódio, da violência, das guerras e de todos os atos que contrariam a vontade divina. Não é exatamente essa a situação da sociedade atual? A humanidade acha-se em franca rebelião contra Deus (Rm 3.23).



O novo nascimento e o sofrimento. A experiência pessoal e genuína do novo nascimento gera no crente uma natureza oposta a da queda (1 Jo 5.1,19). Entretanto, apesar de ter nascido de novo, o crente em Jesus não deixa de experimentar o sofrimento, pois, como disse Agostinho de Hipona: “A permanência da concupiscência em nós é uma maneira de provarmos a Deus o nosso amor a Ele, lutando contra o pecado por amor ao Senhor; é, sobretudo, no rompimento radical com o pecado que damos a Deus a prova real do nosso amor”. Assim, experimentamos o sofrimento porque habitamos um corpo que ainda não foi transformado, mas que espera a sua plena glorificação (1 Co 15.35-58).



A Queda e a degeneração humana são as chaves para se compreender a realidade do sofrimento.











III. O CRESCIMENTO E A PAZ NAS AFLIÇÕES



A soberania divina na vida do crente. A soberania divina na existência do crente garante-lhe que os olhos de Deus sondem-lhe a vida por inteiro. Somos em suas mãos o que o vaso é nas mãos do oleiro (Jr 18.4). Por isso, você pode falar como o salmista: “Eu me alegrarei e regozijarei na tua benignidade, pois consideraste a minha aflição; conheceste a minha alma nas angústias” (Sl 31.7). Querido irmão, querida irmã, não se desespere! O Senhor, Criador dos céus e da terra, cuida inteiramente de você e dos seus, porque “a terra é do Senhor e toda a sua plenitude” (1 Co 10.26).



Tudo coopera para o bem. A vontade de Deus para as nossas vidas é boa, perfeita e agradável (Rm 12.2). O escritor aos Hebreus reconhece que o Senhor, muitas vezes, usa a provação para corrigir-nos e fazer brotar em nossa vida o “fruto pacífico de justiça” (Hb 12.3-11). No exercício desse processo, crescemos como pessoas e servos de Deus, aprendendo na faculdade das aflições da vida. Assim, podemos dizer inequivocamente que “todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto” (Rm 8.28).



Desfrutando a paz do Senhor. Olhar para o sofrimento e a aflição humana e, paradoxalmente, desfrutar da paz de Cristo, parece-nos loucura! Mas não o é quando entendemos que Deus age segundo o conselho da sua vontade, visando sempre o bem e o crescimento dos seus filhos. O deserto da vida não é percorrido sob a ilusão mágica da “sombra e água fresca”, mas com os pés firmes na realidade desértica do sol escaldante (Rm 5.1-5; Fp 4.7). Nesse interregno, porém, desfrutamos a bondade, a misericórdia e a proteção do Criador dos céus e da terra. Mesmo vivendo em um mundo de aflições, podemos experimentar a paz que excede todo o entendimento e cantar em alto e bom som o coro do hino 178 da Harpa Cristã: “Paz, paz/ gloriosa paz/ Paz, paz/ perfeita paz/ desde que Cristo minh'alma salvou/ tenho doce paz!”.



O crente em Jesus pode crescer na graça e desfrutar a paz de Deus em meio ao sofrimento. O Senhor é soberano e tudo coopera para o bem daqueles que O amam.



CONCLUSÃO



Neste mundo, estamos sujeitos às aflições e sofrimentos de qualquer espécie. A vida cristã envolve períodos difíceis e trabalhosos. No entanto, se a nossa expectativa estiver na soberania de Deus e no seu bem, desfrutaremos, mesmo que andemos em aflição, da mais perfeita e sublime paz de Cristo. Que ao longo desse trimestre, o Todo-Poderoso ilumine lhe a mente e o coração para deleitar-se em sua eterna e maravilhosa graça. Amém!



Fernando Silva

Campinas

01/07/2.012