sábado, 24 de novembro de 2012


Comentário Lição EBD 007
Tema: Miquéias – A Importância da Obediência
Texto Áureo: Samuel respondeu: O que é que o SENHOR Deus prefere? Obediência ou oferta de sacrifícios? É melhor obedecer a Deus do que oferecer-lhe em sacrifício as melhores ovelhas.
(1Sm 15.22 - NTLH).
Data : 18/11/2.012

Esse profeta era da comunidade rural ocidental de Morasti Gate, uma cidade localizada nos limites entre Judá e Filístia. Esse local ficava a 320 quilômetros a sudoeste de Jerusalém, longe da política e do comércio da capital.

O profeta era evidentemente de origem humilde, fato eviden­ciado mais pela sua humilde residência do que por sua linha­gem. Suas muitas alusões ao trabalho de um pastor sugerem que deve ter sido essa uma das suas ocupações.

Sua profecia foi proferida durante o reinado de Jotão, Acaz e Ezequias, que reinaram consecutivamente de 740 a 697. Sua parte principal, entretanto, deve ter sido proferida durante os reinados de Acaz e Ezequias, antes da queda de Samaria em 722. Nesse caso, o período central seria 730-720.

CENÁRIO POLÍTICO

Contemporâneo de Isaías, Miquéias defrontou-se com um ce­nário semelhante ao dele, no que se refere à política e à religião da época. Seu ministério foi o equivalente rural ao ministério de Isaías, pois Miquéias dirigiu-se ao povo do interior. 2. Ele é reconhecido como o único profeta cujo ministério foi desempenhado visando tanto a Israel como a Judá (1:1). Isaías também profetizou a destruição de Samaria, mas sua profecia era "a respeito de Judá e Jerusalém" (Isaías 1:1).

OBJETIVO DO LIVRO DE MIQUÉIAS
O objetivo histórico do livro era enfatizar o peso da próxima ira divina sobre a nação, em virtude dos seus pecados de violência e injustiça social, enquanto fingiam ser religiosos. O objetivo adicional de Miquéias era lembrar-lhes da futura vinda do Messias, que surgiria de origem humilde para governar, com justiça e verdade, conforme promessa da aliança abraâmica.

Miquéias é conhecido como o profeta do homem comum. Tendo ele mesmo vindo de berço humilde, conhecia as más condições dos pobres e tomou para si sua causa contra os vorazes líderes da nação que visavam a seus próprios interesses (3:1-3).

Em todo o livro, Miquéias denuncia a opressão do fraco, o suborno entre os líderes, o ato de expulsar mulheres dos seus lares e prática de toda espécie de roubo, grande parte dele em nome da religião (2:1-2, 8-11; 3:1-3, 9-11; 6:10-12; 7:1-6). Embora não isente o pobre apenas pela sua pobreza, ele condena intrepidamente as classes superiores por sangrarem os pobres e indefesos. Ao descrever a esperança da restauração,

Mi­quéias surpreende a nação com o anúncio de que o futuro "go­vernador de Israel", o Messias, virá da pequena e insignificante cidade de Belém, ao invés da opulenta capital Jerusalém (5:2-4).

Apresenta-o na condição de um "Pastor", como o era Davi. To­davia, será maior do que Davi, e "engrandecido até aos confins da terra" (5:4). Miquéias foi o último profeta a mencionar Belém no Antigo Testamento. Concentrou, porém, a atenção da nação sobre a pequena cidade por mais de 700 anos.

Um detalhe aqui é que todos os três grupos de líderes da nação são mencionados: os líderes civis (Mq 2.1-4), os profetas (Mq 2.5-10) e os líderes religiosos, isto é, os sacerdotes (Mq 2.11). Miqueias arremata deixando claro que os pecados dos líderes afe­tariam toda a nação (Mq 2.12). LER 3.1ss

O pecado da idolatria (prostituição espiritual) é denunciado (1.7). Outros pecados são citados ao longo do livro, tais como a injustiça social, a violência, a mentira, a corrupção e a formalidade do culto.
Longe de ser insensível, um profeta de Deus não se alegra com os erros do seu povo, antes, chora e lamenta pela situação (1.8).


OS CHEFES (REIS, PRINCÍPES, SACERDOTES E PROFETAS)
DEVEM OUVIR A VOZ DO SENHOR



Mais disse eu: Ouvi agora vós, chefes de Jacó, e vós, príncipes da casa de Israel: não é a voz que pertence saber o direito? (3.1)

Os chefes (hb. ro’s, governantes, líderes), que deveriam trabalhar para o bem do povo, maquinavam e praticavam o mal (2.1), cobiçavam os campos e as casas dos menos afortunados, e na condição de opressores e exploradores, tomavam dos mais pobres os seus bens e a sua herança, e isso usando de violência (2.2-3). Aqueles que deveriam ser promotores da justiça pervertiam o direito (3.1).

A injustiça social era tanta que a metáfora utilizada para descrevê-la é muito forte:
A vós que aborreceis o bem e amais o mal, que arrancais a pele de cima deles e a sua carne de cima dos seus ossos, e que comeis a carne do meu povo, e lhes arrancais a pele, e lhes esmiuçais os ossos, e os repartis como para a panela e como carne do meio do caldeirão. (3.2-3)

Não muito diferente dos dias de Miqueias, boa parte da liderança política no Brasil vive da miséria alheia, e como recompensa são recebidos em nossas tribunas e púlpitos, e apoiados em períodos eletivos. O pior é que algumas lideranças evangélicas sabem da situação, mas se fazem de desinformadas. Quantos “fichas sujas” não foram apoiados por pastores na última eleição? Com quantos corruptos, ladrões e bandidos não foram feitos alianças e acertos imorais e ilegais?

Ouvi agora isto, vós, chefes da casa de Jacó, e vós maiorais da casa de Israel, que abominais o juízo e perverteis tudo que é direito, edificando Sião com sangue e a Jerusalém com injustiça. (3.9-10)
O grave nisso tudo é a conivência dos sacerdotes (autoridade religiosa), que deveriam confrontar o rei e os príncipes com a Lei do Senhor.

As sentenças são dadas em troca de presentes, enquanto os ensinos dos sacerdotes buscam os seus interesses pessoais, ou seja, ensinavam por conveniência (3.11a). Não nos parece tal postura com a de alguns ensinadores e pregadores, que em busca de seus próprios interesses (agendas, ofertas, permanência no cargo, presentes, etc.) ensinam e pregam por conveniência?

E o que falar dos profetas? Deixemos que o próprio texto nos fale.

Portanto, por causa de vós, Sião será lavrado como um campo, e Jerusalém se tornará em montões de pedra, e o monte desta casa, em lugares altos de um bosque. (3.12)

Os líderes podem cooperar para o crescimento e desenvolvimento de um povo, de uma nação, de uma igreja, ou para a destruição destes. Podem ser canais de bênçãos, ou podem atrair juízo.
Denunciar o pecado da liderança e de um povo nunca foi tarefa fácil.

A liderança é detentora do poder de matar e deixar viver, incluir ou excluir, abrir portas ou fechar portas (isso tudo dentro de uma vontade permissiva de Deus). É por isso que Miqueias afirma:

A mensagem  do capítulo 3 conclui essa primeira parte caracterizada por denúncias com profecias onde os líderes do povo são repreendidos por suas injustiças.

Apesar dos juízos de Deus, o livro de Miqueias nos apresenta também uma mensagem de esperança e de restauração (2.12-13; 4.1-13; 5.2- 4, 9; 9.7-9). Uma belíssima exortação encontra-se em Miqueias, que manifesta a vontade de Deus em nossa relação com o próximo e com Ele:

Ele te declarou ó homem o que é bom; e que é que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a beneficência, e andes humildemente com o teu Deus? (6.8)

O livro termina com uma oração onde os atributos comunicáveis de Deus são destacados e exaltados:
Quem, ó Deus é semelhante a ti, que perdoas a iniquidade que te esqueces da rebelião do restante da tua herança? O Senhor não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na benignidade.

Tornará a apiedar-se de nós, subjugará as nossas iniquidades e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar. Darás a Jacó a fidelidade e a Abraão, a benignidade que juraste a nossos pais desde os dias antigos. (7.18-20)

O EVANGELHO DE JUSTIÇA SOCIAL DE MIQUÉIAS (6:6-8). No Antigo Testamento, não se encontra um resumo da Lei mais simples e mais profundo do que o de Miquéias 6:6-8. Suas exi­gências são simples e sem rodeios: praticar a justiça, amar a bondade demonstrando-a, e andar humildemente com Deus.
Do mesmo modo que Jesus resumiu a Lei como "amor" para os in­sensíveis líderes do seu tempo, Miquéias resumiu-a como justiça, misericórdia e modéstia para um povo completamente desprovido dessas qualidades, embora muitíssimo ocupado com religião (3:11). Os "milhares de carneiros" e "dez mil ribeiros de azeite" (6:7) não podiam subornar Deus a fechar seus olhos à ausência de justiça e misericórdia entre os homens.
TOTAL DEPRAVAÇÃO DE ISRAEL (7:2 6). À semelhança de Isaías (1:5-6 e 57:1), Miquéias observou que Israel tinha chegado a uma situação em que se podia muito bem afirmar: "não há entre os homens um que seja reto" (7:2).
Eram todos iníquos e só cui­davam dos seus próprios interesses naquela sociedade idolatra. Tendo-se afastado da verdade divina, estavam colhendo os efeitos sociais de "os inimigos do homem são os da sua própria casa", incluindo esposa, filhos e pais (7:5-6). Jesus citou esse texto de Miquéias em Mateus 10:21, 35 para mostrar que a rejeição da verdade que ele estava pregando no seu tempo traria aquela mesma condição de castigo do tempo de Oséias.
Paulo também se refere a isso em Romanos 1:28-32, mencionando que a depravação social está sempre ligada à rejeição da verdade.

CRISTOLOGIA EM MIQUÉIAS (4:1-8; 5:2-5). Dois textos de Miquéias falam do reino do Messias e de sua vinda. Nos "últimos dias", ele reinará no monte Sião, onde prevalecerão a verdade, a justiça, a prosperidade e a paz. Ali os coxos, os expulsos e os aflitos estarão reunidos a fim de formar o núcleo da sua "poderosa nação" (4:1-7).

Em 5:2, entretanto, Miquéias revela que esse reino não começará ostentando grandeza, pois o próprio Messias nascerá na pequena vila de Belém, lugar de criação de carneiros. Ele, que é eterno, virá de Deus como Pastor de Israel. Mas antes que o Messias se torne grande até os confins da terra, a nação será abandonada pelo Senhor por um tempo, no fim do qual ele surgirá para pastorear o seu povo com grande majestade (5:3-4).
TEMAS HISTÓRICOS Ε TEOLÓGICOS

Miqueias proclamou, essencialmente, uma mensagem de condenação a um povo que insistia  em praticar o mal. Como outros profetas (cf. Os 4.1; Am 3.1), formulou sua mensagem com a terminologia usada nos tribunais (1.2; 6.1-2).
Quando a Assíria derrotou a Síria e Israel, o piedoso rei Ezequias rompeu sua aliança com os assírios. Sua decisão resultou no cerco de Senaqueribe a Jerusalém em 701 a.C. (cf. 2Rs 18—19; 2Cr 32), mas o Senhor enviou seu anjo para livrar Judá (2Cr 32.21).
Ezequias foi usado por Deus para conduzir Judá de volta à verdadeira adoração. Depois do reinado próspero de Uzias, falecido em 739 a.C, seu filho Jotão manteve as políticas de seu pai, mas não eliminou os centros de idolatria. A prosperidade externa não passava de fachada que mascarava a cor­rupção social e o sincretismo religioso desenfreados.
A adoração a Baal, o deus cananeu da fertilidade, foi obten­do espaço crescente dentro do sistema sacrificial do AT e alcançou proporções epidêmicas durante o reinado de Acaz (cf. 2Cr 28.1-4). Quando Samaria caiu, milhares de refugiados se mudaram para Judá, levando consigo o seu sincretismo religioso.
Embora Miqueias (e Oseias) tenha tratado dessa questão, o alvo de suas repreensões mais mordazes e advertências mais severas era a desintegração dos valores sociais e pessoais (p. ex., 7.5-6).
A Assíria era a potência dominante e uma ameaça constante a Judá. Diante disso, as predições de Miqueias de que a Babilônia, então sob domínio assírio, conquistaria Judá (4.10) pare­ciam improváveis. Nesse sentido, Miqueias exerceu em Judá um papel semelhante ao do profeta Amos em Israel.



Fernando Silva
Campinas,
18/11/2.012

Comentário Lição EBD № 008
Tema: Naum – O Limite da Tolerância Divina
Texto Áureo:  Disse por fim Abraão: "Tenha paciência o Senhor. Vou falar só mais esta vez. Se encontrar só dez justos? " O Senhor respondeu: "Não destruirei a cidade por amor aos dez".(Gn 18.32 - BViva).
Data : 25/11/2.012

O autor do livro de Naum se identifica como Naum (em hebraico "Consolador" ou "Confortador"), o elcosita (1:1). Há muitas teorias a respeito de onde essa cidade era localizada, embora não haja evidências conclusivas. Uma teoria é que ela se refere à cidade mais tarde conhecida como Cafarnaum (que literalmente significa "aldeia de Naum") no mar da Galileia.
Quando foi escrito: Dada a limitada quantidade de informações que sabemos sobre Naum, o melhor que podemos fazer é reduzir o prazo em que o Livro de Naum foi escrito em 710 a.C.
OBJETIVO DO LIVRO DE NAUM

Naum não escreveu este livro como uma advertência ou uma "chamada ao arrependimento" para o povo de Nínive. Deus já tinha enviado o profeta Jonas 55 anos antes (765 a.C.), com Sua promessa do que aconteceria se continuassem em seus maus caminhos.

O principal objetivo de Naum foi consolar Judá com referência ao seu feroz inimigo, a Assíria. No seu recado profético, Naum revelou o detalhado plano divino para destruir e devastar Nínive completa­mente. Essa mensagem foi entregue ao povo de Judá a fim de lembrá--lo da soberania do Senhor sobre todas as nações, e que ele não tolera por muito tempo aqueles que governam com pilhagem e violência, desrespeitando suas admoestações de justiça.

As pessoas daquela época haviam se arrependido, mas agora viviam tão mal (se não pior) do que antes. Os assírios tinham se tornado absolutamente brutais em suas conquistas (entre outras atrocidades, eles penduravam os corpos de suas vítimas em postes e colocavam a sua pele nas paredes das suas tendas).
Agora Naum estava dizendo ao povo de Judá para não se desesperarem porque Deus havia pronunciado julgamento e os assírios em breve estariam recebendo o que mereciam.
Nínive já tinha uma vez respondido à pregação de Jonas e abandonado seus maus caminhos para servir ao Senhor Deus Jeová. Entretanto, 55 anos depois, Nínive retornou à idolatria, violência e arrogância (Naum 3:1-4). Mais uma vez Deus envia um de Seus profetas para Nínive para pregar julgamento na destruição da cidade e exortá-los ao arrependimento. Infelizmente, os ninivitas não prestaram atenção à advertência de Naum e a cidade ficou sob o domínio da Babilônia.
A profecia de Naum começa com estas pesadas palavras. Mas, por que fez ele essa declaração condenatória? O que se sabe sobre a antiga Nínive? Sua história é resumida por Naum em cinco palavras: “Cidade de derramamento de sangue.” (3:1).
 Duas elevações localizadas na margem leste do rio Tigre, defronte da moderna cidade de Mossul, no Norte do Iraque, marcam a localização da antiga Nínive. Era altamente fortificada por muralhas e fossos e era a capital do Império Assírio na parte final de sua história.
Contudo, a origem da cidade remonta aos dias de Ninrode, o “‘poderoso caçador em oposição a Yehowah’. . . . [Ninrode] saiu para a Assíria e pôs-se a construir Nínive”. (Gên. 10:9-11) Portanto, Nínive teve um mau começo.
Ficou especialmente famosa durante os reinados de Sargão, Senaqueribe, Esar-Hadom e Assurbanipal, no período final do Império Assírio. Por meio de guerras e conquistas, enriqueceu-se com despojos e ficou famosa por causa do tratamento cruel e desumano que seus governantes infligiam à multidão de cativos.
Diz C. W. Ceram, nas páginas 231-2 de seu livro Deuses, Túmulos e Sábios (1959): “Nínive gravou-se na consciência dos homens quase unicamente por estar ligada a assassinato, saque, repressão, violação dos fracos, guerra e terror de toda sorte; a uma série de soberanos sanguinários que reinaram pelo terror e que raramente morreram de morte natural, sendo substituídos por outros ainda piores.”

Que dizer da religião de Nínive? Adorava um grande panteão de deuses, muitos dos quais importados de Babilônia. Seus governantes invocavam esses deuses quando saíam para destruir e exterminar e seus gananciosos sacerdotes estimulavam suas campanhas de conquista, aguardando rica retribuição dos despojos.
Em seu livro Ancient Cities (Cidades Antigas, 1886, página 25), W. B. Wright diz: “Adoravam a força, e só dirigiam suas orações a ídolos colossais de pedra, leões e touros, cujos membros poderosos, asas de águia e cabeça humana, eram símbolos de força, coragem e vitória”.
Guerrear era a principal ocupação dessa nação, e os sacerdotes eram fomentadores incessantes da guerra. “Eram sustentados principalmente pelos despojos das conquistas, dos quais uma porcentagem fixa era invariavelmente destinada a eles, antes de outros partilharem deles, pois esta raça de saqueadores era extremamente religiosa.”
A profecia de Naum, embora curta, é repleta de pontos interessantes. Tudo o que sabemos sobre o próprio profeta está contido no versículo inicial: “Livro da visão de Naum, o elcosita.” Seu nome (hebraico, Na·hhúm) significa “Confortador”. Sua mensagem por certo não era nenhum conforto para Nínive, mas, para o verdadeiro povo de Deus, prenunciava alívio certo e duradouro de um implacável e poderoso inimigo.
CARÁTER RETRIBUIDOR DE DEUS (1:2, 6). De modo seme­lhante a Miquéias, Naum principia enfatizando a grande ira do Senhor contra o pecado e sua vinda para trazer julgamento aos perversos. Aqui, entretanto, sua ira dirige-se mais aos inimigos de Israel do que aos israelitas. Naum descreve o Senhor como um Deus zeloso e vingativo, que virá com ira abrasadora contra seus inimigos. Esse caráter zeloso de Deus foi apresentado em Êxodo 20:5, e mais tarde com mais pormenores em Deuteronômio 32:21 e ss. Muitos textos descrevem o Senhor como "tardio em se irar", mas grande em poder e ira contra aqueles que rejeitam sua graça (Êxodo 22:24; 32:12; Números 14:18; Josué 7:1; Esdras 9:15; Jó 20:23). No Novo Testamento, os oito "ais" sobre os líderes hipó­critas do tempo de Jesus apresentam a mesma ira ardente para com os que rejeitam deliberadamente a Lei e a graça de Deus (Mateus 23). Essa ira chega ao auge na grandiosa e terrível des­crição da vinda do Senhor em Apocalipse 14:10, 19 e 19:15 para julgar seus inimigos enquanto livra o seu povo.
LIVRO DE JULGAMENTO NÃO-ALIVIADO. Nenhum outro livro da Bíblia é tão enfático na mensagem de julgamento e mi­sericórdia não aproveitada. Suas únicas "boas novas" são a profecia sobre a destruição de Nínive (1:15). Foi tão grande a preocupação do profeta com os pecados e o julgamento daquela cidade, que os pecados de Israel ou Judá não foram nem mesmo aludidos. O Senhor dedicou um livro inteiro para descrever vivamente sua grande ira contra um povo que vivia na violência, pilhagem e derramamento de sangue, e que deixou de permanecer em sua misericórdia dispensada através de Jonas, profeta de Deus.

É de conforto, também, porque Naum não faz menção alguma dos pecados de seu próprio povo. Embora a localização de Elcos não seja rigorosamente conhecida, parece provável que a profecia foi escrita em Judá. (Naum 1:15).
 A queda de Nínive, ocorre em três etapas em 626 a.C. o inicio da degradação, sofreu grande destruição em 612 a.C. e finalmente aniquilada em 605 a.C., ainda estava no futuro quando Naum registrou sua profecia, e ele compara esse evento com a queda de Nô-Amom (Tebas, no Egito) que ocorreu pouco antes disso. (3:8) Assim, Naum deve ter escrito sua profecia durante aquele período.

O estilo do livro é característico. Não há nele palavras supérfluas. Seu vigor e realismo harmonizam-se com o fato de fazer parte dos escritos inspirados. Naum prima pela linguagem descritiva, emocional e dramática, bem como pela expressão dignificante, clareza de retórica e fraseologia notavelmente vívida. (1:2-8, 12-14; 2:4, 12; 3:1-5, 13-15, 18, 19).
NÍNIVE, A GRANDE CIDADE-RAINHA DESTRUÍDA.
Não há dúvida de que é este o livro que Jonas gostaria de ter escrito (Jonas 4:2), ao não compreender que o Senhor tinha antes uma colheita a fazer naquela cidade. Sua curta profecia da destruição de Nínive está aqui amplificada, sem a data de execução, "quarenta dias". ; Embora o arrependimento dos ninivitas tenha adiado o seu jul­gamento, a retomada da antiga perversidade e violência apenas intensificou o peso do seu castigo, sobretudo diante do desrespeito à sua misericórdia. A antiga cidade de Nínive era um símbolo clássico do mundo quanto ao seu poder, violência e rebeldia contra Deus desde o tempo de Ninrode (Gênesis 10:9-11). Mas quando Deus ordenou sua destruição, ela foi aniquilada tão completamente que a antiga rainha das cidades ficou esquecida durante muitos séculos, coberta com areia, transformada em um deserto.
ADMOESTAÇÃO INTERNACIONAL DE NAUM A TODAS AS NAÇÕES. A notável lição de Naum para as nações é que a "lei da selva" não é a Lei de Deus. Embora o pecado e a violência possam ficar sem punição por algum tempo dentro da longanimidade di­vina, todavia não serão esquecidos. Neste caso não está apenas em jogo o "tempo" de Deus, mas também a justificação do seu caráter (Êxodo 34:6-7; Números 14:18). Apesar de ele ser "tardio em irar--se" e estar sempre interessado em mostrar-se misericordioso, não é absolutamente imune à ira quando sua lei é impugnada e sua graça desprezada. O Deus vingador descrito por Naum é um dos quadros mais aterradores da Bíblia. Enquanto o Livro de Jonas apresenta a misericórdia do Senhor estendida aos gentios desconhecedores da lei mosaica, Naum retrata a ira e o julgamento divino das nações, conheçam ou não a lei de Moisés.

 A maior parte do primeiro capítulo parece estar no estilo de poema acróstico. (1:8, nota) O estilo de Naum é enriquecido pela singularidade de seu tema. Ele sente extrema aversão ao traiçoeiro inimigo de Israel. Não vê nada senão a ruína de Nínive.

A autenticidade da profecia de Naum se comprova pela exatidão de seu cumprimento. Nos dias de Naum, quem senão um profeta de Javé ousaria predizer que a orgulhosa capital da potência mundial assíria sofreria ruptura nos “portões dos rios”, que seu palácio seria dissolvido e que ela mesma tornar-se-ia “vacuidade e vazio, e uma cidade devastada”? (2:6-10).
 Os eventos posteriores mostraram que a profecia foi deveras inspirada por Deus. Os anais do rei babilônio Nabopolassar descrevem a captura de Nínive pelos medos e babilônios: “[Converteram] a cidade em escombros e montes (de entulho). . . .” A ruína de Nínive foi tão completa que até mesmo a sua localização ficou esquecida por muitos séculos. Alguns críticos chegaram a ridicularizar a Bíblia quanto a isso, dizendo que Nínive jamais poderia ter existido.

Contudo, somando evidência em favor da autenticidade de Naum, a localização de Nínive foi descoberta, e as escavações ali começaram no século 19. Calculou-se que, para escavá-la completamente, seria necessário remover milhões de toneladas de terra.
O que se tem desenterrado em Nínive? Muitas coisas que confirmam a exatidão da profecia de Naum! Por exemplo, seus monumentos e inscrições atestam as suas crueldades, e há restos de colossais estátuas de touros e leões alados. Não é de admirar que Naum falasse dela como “caverna dos leões”! — 2:11.

A canonicidade de Naum é demonstrada por ser o livro aceito pelos judeus como parte das Escrituras inspiradas. Está em completa harmonia com o restante da Bíblia. A profecia é dada em nome de Javé, em favor de cujos atributos e supremacia dá eloquente testemunho.
CRISTOLOGIA EM NAUM (1:15). Mesmo sem referências es­pecíficas ao Messias no Livro de Naum, a proclamação das "boas novas" em 1:15 tem uma referência indireta a Cristo e seu evan­gelho. Ε uma referência a Isaías 52:7, mais tarde aplicada por Paulo em Romanos 10:15 quanto ao aspecto libertador do evangelho. É um lembrete de que o primeiro objetivo de Naum foi consolar Israel a respeito da ameaça nacional por parte do cruel e perverso inimigo do Oriente. Além disso, as boas novas do evangelho são que Cristo não somente traz o livramento dos inimigos, mas tam­bém os benefícios reais da salvação (Lucas 1:71). O Deus prefigurado por Naum não é diferente do Cristo do Novo Testamento.



Fernando Silva
Campinas,
25/11/2012