sábado, 30 de junho de 2012

Comentário Lição EBD 001- Tema: No Mundo Tereis Aflições


Comentário Lição EBD 001

Tema: No Mundo Tereis Aflições

Texto Áureo : Eu falei tudo isso para que tenham a paz no coração e na alma. Aqui na terra vocês terão muitos sofrimentos e tristezas; mas tenham ânimo, porque Eu venci o mundo.

 (Jo 16.33  - Biblia Viva).

Data :30/06/2.012



Em sua famosa doutrina de “Falta Abençoada”, Agostinho definiu o mistério do sofrimento: “Deus julgou ser melhor tirar o bem a partir do mal do que sofrer absolutamente nenhum mal”. Melhor suportar a dor envolvida na redenção do pecado do que não ter de forma alguma criado os seres humanos.

Deus usa os “espinhos e cardos” que infestaram a Criação desde a Queda para nos ensinar, castigar, santificar e transformar, preparando-nos para aquele novo céu e nova terra. Isso é algo que eu bem entendo: as maiores bênçãos de minha vida emergiram do sofrimento, e tenho visto o mesmo processo repetido em incontáveis vidas. Assim como dói quando o médico coloca um osso quebrado no lugar, pode também causar uma enorme dor quando Deus reajusta nosso caráter. Não obstante, essa é a única maneira de ser completo e saudável.



Tem uma manifestação de gloria que a paz com Deus gera na gente, cujo caminho de pacificação com Deus que é gerado em nós, e que a maioria não gosta. Isso porque Paulo diz: “... e gloriemo-nos, também, nas próprias tribulações”. Ai a gente diz: “Vira essa boca para lá, pelo amor de Deus!”—e o sujeito começa a fazer oração contra, inicia-se aquele processo de “tá amarrado”. Tem crente que lê Romanos 5, 2 e 3, dizendo: “ Tá amarrado”. Aí vem alguém e diz: “Eu não gosto dessa parte aqui...“tá amarrada””. Só que, meu amigo, você pode gritar “tá amarrado” o tempo todo, não está amarrado. Não a Palavra de Deus! Para o seu bem, não está amarrada!



Nós não podemos viver uma vida de "fé de loteria" versão Teologia da Prosperidade, que nos promete falsas promessas, que seremos poupados de todas as coisas, porque agora a gente tem uma carteirinha de crente no bolso, e porque a gente frequenta uma sequência de reuniões não será jamais objeto e sujeito do sofrimento—porquanto ter-se-ia um domo invisível de proteção e de inatingibilidade sobre a cabeça—, é mentira, mentira, mentira; e eu diria: do diabo. Isso porque a vida não vai tratar você assim. E quando a vida for o que ela é para você, você vai estar pensando que Deus enganou você; e quem enganou não foi Deus nem a Palavra dele. O responsável diabólico é esse “pacote de sedução falsa” que venderam para você em “nome de Jesus”. E não adianta ficar dizendo “tá amarrado”, porque só fica amarrado aquilo que seja uma presença “alienígena” à existência humana. Mas aquilo que Deus determina, por mais estranho que pareça, faz parte de um processo de cura, de terapia, de crescimento, de aprofundamento da consciência em fé em mim, e não há mão humana que possa deter.



As aflições na vida do cristão fiel é uma realidade da qual não é possível fugir. Fico pasmo com o falso evangelho da comodidade, da vida fácil, da vitória financeira, da vitória em tudo, da saúde plena, da ausência de lutas, do se dar bem em tudo.

O sofrimento, a tribulação, a angústia, a dor, a morte é consequência natural de um viver que se opõe ao pecado e ao sistema caído.



Jesus deixou claro sobre a perseguição na vida dos seus discípulos:

Quando, pois, vos perseguirem nesta cidade, fugi para outra; porque em verdade vos digo que não acabareis de percorrer as cidades de Israel sem que venha o Filho do Homem. (Mt 10.23)

Mas, antes de todas essas coisas, lançarão mão de vós e vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e às prisões e conduzindo-vos à presença de reis e governadores, por amor do meu nome. (Lc 21.12)

Lembrai-vos da palavra que vos disse: não é o servo maior do que o seu senhor. Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardarem a minha palavra, também guardarão a vossa. (Jo 15.20)

A perseguição pode acontecer no âmbito familiar, escolar, acadêmico, religioso, político, eclesiástico, etc.

A perseguição pode vir de fora (não-crentes) ou de dentro (crentes).

A perseguição pode ser intensa ou esporádica. Pode ser leve ou forte.

A ausência de perseguição pode ser decorrente de um curto período de relativa paz, ou da nossa conivência com o erro, da nossa conformidade com os modelos de sistemas caídos.

No campo político, aqui no Brasil, não é o regime democrático a principal razão de certa ausência de perseguição contra os evangélicos, mas as alianças vergonhosas de algumas lideranças evangélicas com alguns políticos corruptos (não cabe aqui generalizações).

Outro fator que atenua ou extingue a perseguição no contexto evangélico brasileiro é o silêncio da voz profética da igreja. Diante da corrupção vergonhosa em nosso país, da imoralidade em todos os níveis e formas, da banalização do divórcio, da perda dos referenciais bíblicos de família e casamento, da plena secularização da educação, há uma omissão preocupante, geralmente associada com a postura do não querer problema com ninguém (principalmente com os governantes), ou da própria fraqueza moral da igreja que cada vez mais relativiza os princípios da Palavra, fechando os olhos para os escândalos internos grotescos, ou deixando sem disciplina os protagonistas dos mesmos. Onde a moral falta, a voz profética silencia.

Nos ambientes familiares, escolares, acadêmicos e profissionais a realidade se repete. A ausência de perseguição é geralmente decorrente da falta de testemunho, da adequação aos baixos padrões de vida, do pluralismo religioso, do secularismo, do liberalismo teológico, do relativismo ético e moral, e de outras mazelas da pós-modernidade.

Dessa maneira, a falta de perseguição pode ser um fator preocupante, um sintoma de que o testemunho cristão perdeu o seu vigor.

I. AS AFLIÇÕES DO TEMPO PRESENTE



De ordem natural. Presenciamos uma desordem nunca antes vista na natureza. Apesar dos falsos alarmes, não podemos ignorar a devastação provocada pela ação irresponsável do homem. A Bíblia diz que a criação geme e está com “dores de parto” pelo que o ser humano tem-lhe feito (Rm 8.22). Quantas calamidades nos abatem por causa da degradação ambiental.

São tragédias assombrosas que ceifam milhares de vidas. As poluições nos lagos, rios e mares, e as ocupações em áreas de riscos contribuem para a ocorrência de tragédias. Tais aflições também afetam os crentes fiéis.



De ordem econômica. Outra aflição que se abate sobre o mundo é a de ordem financeira. A crise econômica internacional empobrece países, nações e famílias. Quantos não deram cabo da própria vida porque, da noite para o dia, descobriram que perderam todos os bens? Em nosso país, milhões de pessoas sobrevivem com menos de um salário mínimo. A pobreza, a fome e a miséria continuam a flagelar vidas ao redor do mundo, inclusive as dos servos de Deus (Mc 12.41-44).



De ordem física. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, doenças como câncer, hepatite, hipertensão arterial, depressão e obesidade são consideradas as pragas do século XXI. Essa informação traz-nos algumas indagações: Será que o crente fiel não é vítima de câncer? Ou não desenvolve a depressão e não sofre de hipertensão arterial? Não precisamos de muito esforço para reconhecer que as enfermidades também atingem os salvos e são consequência da queda (Rm 6.23). Mesmo cientes de que as doenças acometem igualmente o servo de Deus, é impossível ignorar que há enfermidades de natureza espiritual e oriundas de práticas pecaminosas (Mt 9.32,33; Jo 5.14,15).



As aflições do tempo presente são representadas pelas crises de ordem natural, econômica e física. Malefícios que acometem igualmente o servo de Deus.



II. POR QUE O CRENTE SOFRE



A queda. O sofrimento é algo comum a todos os homens, sejam ímpios sejam justos. Uma razão para a existência do mal é a queda humana. Deus fez um mundo perfeito (Gn 1.31), mas a transgressão de Adão trouxe a tristeza, a dor e a morte (Gn 3.16-19; Rm 5.12). Por isso, todos estão igualmente sujeitos ao sofrimento (Rm 2.12; 8.22).



A degeneração humana. Com a queda no Éden, o homem sofreu um processo de degeneração moral, social e espiritual. Tal degradação, observada na vida de Caim (Gn 4.8-16), Lameque (Gn 4.23,24) e de toda aquela geração, levou Deus a destruir o mundo pelo dilúvio (Gn 6.1-7.24). O relato bíblico mostra claramente a corrupção humana e o aparecimento do ódio, da violência, das guerras e de todos os atos que contrariam a vontade divina. Não é exatamente essa a situação da sociedade atual? A humanidade acha-se em franca rebelião contra Deus (Rm 3.23).



O novo nascimento e o sofrimento. A experiência pessoal e genuína do novo nascimento gera no crente uma natureza oposta a da queda (1 Jo 5.1,19). Entretanto, apesar de ter nascido de novo, o crente em Jesus não deixa de experimentar o sofrimento, pois, como disse Agostinho de Hipona: “A permanência da concupiscência em nós é uma maneira de provarmos a Deus o nosso amor a Ele, lutando contra o pecado por amor ao Senhor; é, sobretudo, no rompimento radical com o pecado que damos a Deus a prova real do nosso amor”. Assim, experimentamos o sofrimento porque habitamos um corpo que ainda não foi transformado, mas que espera a sua plena glorificação (1 Co 15.35-58).



A Queda e a degeneração humana são as chaves para se compreender a realidade do sofrimento.











III. O CRESCIMENTO E A PAZ NAS AFLIÇÕES



A soberania divina na vida do crente. A soberania divina na existência do crente garante-lhe que os olhos de Deus sondem-lhe a vida por inteiro. Somos em suas mãos o que o vaso é nas mãos do oleiro (Jr 18.4). Por isso, você pode falar como o salmista: “Eu me alegrarei e regozijarei na tua benignidade, pois consideraste a minha aflição; conheceste a minha alma nas angústias” (Sl 31.7). Querido irmão, querida irmã, não se desespere! O Senhor, Criador dos céus e da terra, cuida inteiramente de você e dos seus, porque “a terra é do Senhor e toda a sua plenitude” (1 Co 10.26).



Tudo coopera para o bem. A vontade de Deus para as nossas vidas é boa, perfeita e agradável (Rm 12.2). O escritor aos Hebreus reconhece que o Senhor, muitas vezes, usa a provação para corrigir-nos e fazer brotar em nossa vida o “fruto pacífico de justiça” (Hb 12.3-11). No exercício desse processo, crescemos como pessoas e servos de Deus, aprendendo na faculdade das aflições da vida. Assim, podemos dizer inequivocamente que “todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto” (Rm 8.28).



Desfrutando a paz do Senhor. Olhar para o sofrimento e a aflição humana e, paradoxalmente, desfrutar da paz de Cristo, parece-nos loucura! Mas não o é quando entendemos que Deus age segundo o conselho da sua vontade, visando sempre o bem e o crescimento dos seus filhos. O deserto da vida não é percorrido sob a ilusão mágica da “sombra e água fresca”, mas com os pés firmes na realidade desértica do sol escaldante (Rm 5.1-5; Fp 4.7). Nesse interregno, porém, desfrutamos a bondade, a misericórdia e a proteção do Criador dos céus e da terra. Mesmo vivendo em um mundo de aflições, podemos experimentar a paz que excede todo o entendimento e cantar em alto e bom som o coro do hino 178 da Harpa Cristã: “Paz, paz/ gloriosa paz/ Paz, paz/ perfeita paz/ desde que Cristo minh'alma salvou/ tenho doce paz!”.



O crente em Jesus pode crescer na graça e desfrutar a paz de Deus em meio ao sofrimento. O Senhor é soberano e tudo coopera para o bem daqueles que O amam.



CONCLUSÃO



Neste mundo, estamos sujeitos às aflições e sofrimentos de qualquer espécie. A vida cristã envolve períodos difíceis e trabalhosos. No entanto, se a nossa expectativa estiver na soberania de Deus e no seu bem, desfrutaremos, mesmo que andemos em aflição, da mais perfeita e sublime paz de Cristo. Que ao longo desse trimestre, o Todo-Poderoso ilumine lhe a mente e o coração para deleitar-se em sua eterna e maravilhosa graça. Amém!



Fernando Silva

Campinas

01/07/2.012